Durante a
apuração do primeiro turno das eleições 2014, escutei um famoso radialista
gaúcho sentenciar: “O maior derrotado desta eleição é o IBOPE!” É mesmo? Vamos
à análise.
Antes de tudo
quero apenas colocar que trabalho com pesquisas desde 2006, isso sem contar a
época de estudante em que fui, por muitas vezes, entrevistador. Era uma maneira
de ganhar um extra e também de aprender. Já em 2006, com mais três sócios fui,
dono de um instituto de Pesquisas. Modéstia a parte, nos três anos de
existência de nossa empresa, jamais erramos uma. Mas é verdade que nunca
tivemos trabalhos em um colégio eleitoral tão grande como o RS.
O DATAFOLHA
não fez pesquisa de boca de urna. Sorte a sua. Na véspera da eleição
sentenciava Tarso com 31%; Ana Amélia e Sartori com 25% cada um. Colocava os
indecisos em 10%. Dois dias antes, o resultado era Tarso com 32%; Ana Amélia
com 28% e Sartori com 23% e eram 11% os indecisos.Ou seja, Ana Amélia e Sartori
disputariam voto a voto a segunda vaga para o segundo turno. Mesmo que todos os
indecisos rumassem para Sartori, este teria 35%. Longe, muito longe dos seus
40,40% obtidos no pleito.
O IBOPE por
sua vez foi mais atrevido, mais errôneo, mais perdedor. Como é de sua tradição,
divulgou pesquisa boca de urna. Assim logo após que as urnas fecharam ficamos
sabendo que Tarso venceria o primeiro turno e que Olívio Dutra era nosso novo
Senador. Tarso aparecia com 35% e Sartori iria para o segundo turno com 29% um
pouco a frente de Ana Amélia com 26%. No Senado, Olívio faria 37% e Lasier 31%.
A apuração, como sabemos, foi muito diferente disso. Sartori chegou a mais de
40%. Lasier chegou a 37% e Olívio a 35%, duplo erro.
Mas a qual
conclusão chegaríamos se parássemos para pensar com a seguinte indagação em
nossas mentes: para que servem as pesquisas afinal?
O que
enxergamos nas páginas dos jornais, na web ou na TV não são pesquisas. São
peças jornalísticas ou publicitárias produzidas a partir de uma pesquisa. As pesquisas
registradas no TRE e no TSE estão disponibilizadas nos sites dos institutos.
São de acesso público e ao fazer esse acesso podemos observar que os relatórios
de pesquisas são complexos e extensos, muitas vezes com mais de 100 páginas, e
trazem dados muito interessantes.
O que fazem
as campanhas políticas com esses dados? Verificam em qual região, em qual faixa
de renda, etnia, faixa etária o candidato está bem ou mal. Dessa forma, os
rumos das campanhas podem ser alterados ou mantidos. Mais do que isso, pode ser
que novas propostas sejam lançadas ou não de acordo com o que dizem essas
pesquisas.
O que faz a
mídia com estes dados? Lindas capas de Jornais com as fotos dos líderes nas
pesquisas e seus índices, chamadas no Rádio e Tv e, é claro, a web entra aqui
com toda a força. Seu objetivo claro e cristalino é ganhar a nossa audiência.
Haverá outros? Fica pela conta do leitor. Registro que não acredito em
neutralidade.
O que fazemos
nós com as pesquisas? Como nos relacionamos com elas? Acompanhamos como
torcedores de futebol? Cada pesquisa equivale a uma rodada, um jogo? Esse
acompanhamento modifica a maneira como nos posicionamos em relação à eleição?
Se fazemos campanha para um candidato o resultado das pesquisas nos influencia
em nossa força de vontade para ir as ruas? Isso é o que temos de saber, é com
isso que precisamos lidar.
E apenas para
responder a pergunta do início deste texto. Sim, o IBOPE foi o maior derrotado
no RS, talvez mais mesmo que Ana Amélia. E é esta empresa a maior derrotada por
que se atreveu a divulgar pesquisa boca de urna. Se não o fizesse, o DATAFOLHA
seria seu companheiro. Errariam os dois e a explicação seria uma grande mudança
no eleitorado que os dois institutos haviam indicado antes e que se acentuara
muito entre sexta e domingo, o dia da eleição.
Como na vida,
nas pesquisas também a riscos. Precisamente 5% de risco já que o intervalo de
confiança é de 95%. Por tanto, O IBOPE sai derrotado, por que se arriscou.É da
vida, é do jogo e principalmente é da Política no Rio Grande do Sul!
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