segunda-feira, 17 de junho de 2019

Degustação de "Sou muito fã desse cara"

GP da França 1985

A distância de 1800 metros que os carros percorriam na famosa reta Mistral, seguidos de uma curva de alta velocidade e logo depois uma forte freada davam a tônica da prova disputada em Paul Ricard. O circuito francês impunha aos pilotos, e a suas máquinas, uma forte prova de resistência.

Não à toa a posição de largada de Nelson Piquet, o quinto posto no grid, não era nenhuma tragédia. Muito pelo contrário, a Brabhan do já Bi-Campeão, havia quebrado em 4 das primeiras 6 provas do Mundial.

Seria necessário então dois fatores. A equipe deveria fazer o acerto correto para prova e o piloto deveria saber como tirar o máximo do equipamento sem que este se desgastasse por demais. Uma quebra era mais que uma possibilidade, vinha sendo a regra em 1985 na Brabhan.

No grid de largada Keke Rosberg tinha a pole, seguido de Senna, Alboreto que de Ferrari liderava o Campeonato, Prost em quarto e Nelson Piquet na quinta colocação.

Logo na largada Piquet superou Alain Prost e Michele Alboreto. Na primeira curva, uma chicane com a primeira perna para a direita, já aparecia colocado em Ayrton Senna. Keke Rosberg se aproveitou da situação e abriu vantagem na frente.

Daí em diante começou um show brasileiro para delírio dos torcedores franceses. Nelson Piquet começou a perseguir Ayrton Senna. Por vezes os dois carros pareciam um só na imagem da transmissão televisa.

Latifi e De Cesaris, ambos pilotos da Ligier foram os dois primeiros a abandonar. Como Ligier e Brabhan eram as únicas equipes no grid que contavam com pneus Pirelli. Dessa forma os comandos de Bernie Eclestone ficaram sem referências de desgaste, ou seja, dependeria ainda mais da sensibilidade do pilotoa decisão ou não de parar para a troca de pneus.

Foi na reta Mistral que Piquet aproveitou o vácuo e ultrapassou Senna que ainda tentou voltar mas sucumbiu a manobra do então Bi-Campeão mundial. Quando passou por Senna, Piquet rapidamente se aproximou de Rosberg e iniciou nova luta por posição. Desta vez valia a ponta da corrida.

Na décima primeira volta Nelson Piquet encantou o mundo com mais uma de suas proezas ao não tentar o óbvio. Ao olhar para o traçado de Paul Ricard, qualquer fã de automobilismo esperará que as ultrapassagens, ainda mais entre os principais competidores, se darão em uma das grandes retas e mais ainda na reta Mistral com seus 1800 metros.

 A Willians, de Rosberg, rendia bem nas retas. Mesmo com um carro muito bem acertado naquele final de semana, Piquet estava tendo dificuldades para assumir a ponta.

Nos boxes a equipe Lotus abria a tampa do motor de Ayrton Senna quando na pista Nelson Piquet armou o bote. Aproveitou-se de uma tomada de curva um pouco mais aberta que o normal por parte do líder Keke Rosberg e enfiou o Brabhan BT54 por dentro, mordendo a zebra e assumindo a liderança.

A partir daí a prova passou a contar com duas realidades bem distintas. Piquet saltou na frente. Na vigésima passagem tinha 9,5 segundos de vantagem para Keke Rosberg.

Um forte disputa pela segunda posição favorecia ainda mais Nelson Piquet. Rosberg segurava as Maclaren de Lauda e Prost. Após algumas tentativas de superar a Willians, Lauda abandonou com problemas mecânicos e Prost que foi para cima de Rosberg. O Frances, em casa conseguiu a ultrapassagem em uma bonita manobra pelo lado de fora.

Quando a TV voltou a mostrar Nelson Piquet na tela ele estava com uma vantagem de 21,7 segundos para Alain Prost. Correndo em casa o Professor começou a tirar a vantagem. Houve voltas em que conseguiu diminuir em até 2 segundos a vantagem do Brasileiro.

Piquet por sua vez começou a colher frutos de sua tocada limpa e veloz, que poupava o equipamento. Como tinha conseguido uma boa vantagem enquanto Prost duelava com Lauda e Rosberg, Piquet tinha como tirar um pouco mais de seu carro azul e branco no final da prova.

O companheiro de Piquet, Surer trocou pneus o que fez a torcida dos brasileiros gelar. Será que Piquet também pararia? A Goodyear trocara os pneus de Keke e de Senna, que a esta altura já havia terminado a prova em uma barreira de pneus.

No final da prova, Keke Rosberg ainda retomou a segunda colocação de Prost e terminou em segundo a 6,6 segundos de Nelson Piquet que teve sua única vitória no ano de sua despedida da Brabhan.

A prova que tanto exigia dos carros e pilotos terminou com um dos maiores poupadores de carros vencendo mais uma vez de forma brilhante, sendo arrojado nas primeiras voltas até assumir a ponta e abrir vantagem, para administrar no meio e voltar a tocar forte no final.

Nelson Piquet foi brilhante em 07 de Julho de 1985 em Paul Ricard, na França.







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