quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Ainda da tempo, mas temos que mudar o foco rapidamente.

O movimento político representado nesta eleição por Bolsonaro chegou para ficar. Milhares de pessoas, ou seriam milhões, se acharam representadas de alguma maneira pelo político de extrema direita. Assim, a voz que muitas vezes estava quieta conseguiu sair das gargantas destas pessoas e encontrar eco em várias outras.
O que levou a este momento? Por que agora temos que nos deparar com pessoas que questionam se, por exemplo, o Golpe de 1964 foi mesmo um golpe? Será que aprendemos errado a história? O que aconteceu, por exemplo, com este que era uma dos poucos consensos no Brasil?
Devemos, e enxergo que este movimento já começou, aprofundar a análise destes acontecimentos. Erramos todos, tanto a esquerda quanto a direita sobre o real poder, tamanho e a fidelidade dos que estão escolhendo a extrema direita para votar.
Correndo o risco de errar, pois movimentos de última hora sempre são possíveis, acredito que este pensamento é mesmo maior até que seu representante candidato a Presidente. Notem o enorme volume de críticas que o já conhecido como “#elenão” recebe e mesmo assim, segundo os institutos de pesquisa, seus índices não caem ou até aumentam.
Normalmente candidatos com pés de barro sucumbem quando são criticados tão fortemente. Isto nos leva a intuir que é mesmo um pensamento que se fortaleceu ao longo do tempo e que agora encontrou um representante. Não o contrário.
Apostávamos, eu inclusive, que Bolsonaro derreteria com o passar da Campanha, não derreteu. Aqui faço justiça ao dizer que de todas as pessoas que eu conheço o único que dizia pensar o contrário, ou seja, que ele não derreteria foi o meu amigo Winicius Wu.
E o fortalecimento desta situação deu-se justamente pelo descrédito da Política. Não de um partido em si, ou de uma ou duas lideranças, mas do sistema político brasileiro.
Em um país com tantas diferenças nada mais natural o multi partidarismo e as várias facções dentro de cada partido. Assim alianças infindáveis e as vezes sem nexo ou lógica são feitas, refeitas, rompidas e rearranjadas a todo o momento. Mas esquecemos, nós políticos, que nem todos da população são Cientistas Políticos ou leram os livros de Machiavel. Para o Cidadão comum nem sempre as coisas fazem sentido. E vou confessar, as vezes para mim também, e olha que milito em política desde os dez anos de idade.
Assim a direita tinha que derrubar o PT do Governo, sob pena de desaparecer quase que por completo, visto que nosso sistema político não deixa quase espaço para quem está na oposição. Essa é a verdade. Tudo o que será feito é decidido pela situação, claro passando por acordos diversos, mas no fim das contas é quem define inclusive a pauta.
Neste sentido, após perder uma eleição que tinha por ganha em 2014, a direita através de Aécio Neves e da cúpula de seu partido, confessada em entrevista por Tasso Jereissati recentemente, decidiu sabotar o sistema político mesmo que levasse a uma crise econômica. Era a maneira de derrubar o Governo, assumir com o vice e assim caminhar tranquilamente para uma eleição em 2018.
Erraram o tiro pelo governo posto não ter dado certo. Se Dilma não contentava a Classe Média, que bateu panelas pela sua queda, Temer foi ainda mais longe. Não contentou classe nenhuma. O PSDB fazendo parte do Governo Temer não consegue agora se descolar desse Governo e se apresentar como alternativa. Assim é visto como uma sequência e ao meu ver está aí o motivo de Alckmin não decolar. Sendo assim, somamos motivos sociais a políticos estratégicos e temos a extrema direita fortalecida.
Segundo enxergamos através dos tempos, esta linha de pensamento oferece respostas “fáceis” a seus seguidores e isso pode ser inebriante. Os Nazistas alemães convenceram praticamente a totalidade de sua população que o problema eram os Judeus. Já no Brasil elegeram 3 ou 4 temas e para cada um deles há uma resposta definitiva e que notem, sempre é colocada como de simples aplicação.
Se há muitos crimes, que se de armas a todos. Se há pouco emprego, que não se invista no exterior. Se a ONU interfere no Brasil, que se saia da ONU. Se a família está desestruturada que as mulheres cuidem da casa, que se combata os Gays...
Há quem diga que, assim como na França, a partir de agora a extrema direita será uma força política constantemente forte no Brasil. Tendo a acreditar nisso. A impressão que tenho é de que nos próximos pleitos, Socialistas, Sociais Democratas, Liberais ou Comunistas que conseguirem chegar ao Segundo Turno terão contra si os Fascistas da extrema direita e de acordo com o exame de consciência que os que ficaram de fora do Segundo Turno fizerem, governarão o Brasil.
Interessante colocar que se dizia, eu mesmo dizia, que no momento em que as propostas e opiniões pouco convencionais, tidas como bobagens por muitos, fossem colocadas todos os dias, as pessoas desistiriam de votar em Bolsonaro. Pois bem, as ideias foram sendo repetidas, são as mesmas e ampliadas, e mesmo assim não houve até este momento a queda.
Será que o que é bobagem para nós é bobagem para todos?
O momento é novo, o adversário é novo. A Sociedade é mutante e devemos conhecer nossos adversários para termos sucesso, já dizia Sun Tzu. A disputa não é mais pela administração do País mas da forma como queremos nos organizar como Sociedade.

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