segunda-feira, 17 de novembro de 2014

E as pesquisas?


Durante a apuração do primeiro turno das eleições 2014, escutei um famoso radialista gaúcho sentenciar: “O maior derrotado desta eleição é o IBOPE!” É mesmo? Vamos à análise.
Antes de tudo quero apenas colocar que trabalho com pesquisas desde 2006, isso sem contar a época de estudante em que fui, por muitas vezes, entrevistador. Era uma maneira de ganhar um extra e também de aprender. Já em 2006, com mais três sócios fui, dono de um instituto de Pesquisas. Modéstia a parte, nos três anos de existência de nossa empresa, jamais erramos uma. Mas é verdade que nunca tivemos trabalhos em um colégio eleitoral tão grande como o RS.
O DATAFOLHA não fez pesquisa de boca de urna. Sorte a sua. Na véspera da eleição sentenciava Tarso com 31%; Ana Amélia e Sartori com 25% cada um. Colocava os indecisos em 10%. Dois dias antes, o resultado era Tarso com 32%; Ana Amélia com 28% e Sartori com 23% e eram 11% os indecisos.Ou seja, Ana Amélia e Sartori disputariam voto a voto a segunda vaga para o segundo turno. Mesmo que todos os indecisos rumassem para Sartori, este teria 35%. Longe, muito longe dos seus 40,40% obtidos no pleito.
O IBOPE por sua vez foi mais atrevido, mais errôneo, mais perdedor. Como é de sua tradição, divulgou pesquisa boca de urna. Assim logo após que as urnas fecharam ficamos sabendo que Tarso venceria o primeiro turno e que Olívio Dutra era nosso novo Senador. Tarso aparecia com 35% e Sartori iria para o segundo turno com 29% um pouco a frente de Ana Amélia com 26%. No Senado, Olívio faria 37% e Lasier 31%. A apuração, como sabemos, foi muito diferente disso. Sartori chegou a mais de 40%. Lasier chegou a 37% e Olívio a 35%, duplo erro.
Mas a qual conclusão chegaríamos se parássemos para pensar com a seguinte indagação em nossas mentes: para que servem as pesquisas afinal?
O que enxergamos nas páginas dos jornais, na web ou na TV não são pesquisas. São peças jornalísticas ou publicitárias produzidas a partir de uma pesquisa. As pesquisas registradas no TRE e no TSE estão disponibilizadas nos sites dos institutos. São de acesso público e ao fazer esse acesso podemos observar que os relatórios de pesquisas são complexos e extensos, muitas vezes com mais de 100 páginas, e trazem dados muito interessantes.
O que fazem as campanhas políticas com esses dados? Verificam em qual região, em qual faixa de renda, etnia, faixa etária o candidato está bem ou mal. Dessa forma, os rumos das campanhas podem ser alterados ou mantidos. Mais do que isso, pode ser que novas propostas sejam lançadas ou não de acordo com o que dizem essas pesquisas.
O que faz a mídia com estes dados? Lindas capas de Jornais com as fotos dos líderes nas pesquisas e seus índices, chamadas no Rádio e Tv e, é claro, a web entra aqui com toda a força. Seu objetivo claro e cristalino é ganhar a nossa audiência. Haverá outros? Fica pela conta do leitor. Registro que não acredito em neutralidade.
O que fazemos nós com as pesquisas? Como nos relacionamos com elas? Acompanhamos como torcedores de futebol? Cada pesquisa equivale a uma rodada, um jogo? Esse acompanhamento modifica a maneira como nos posicionamos em relação à eleição? Se fazemos campanha para um candidato o resultado das pesquisas nos influencia em nossa força de vontade para ir as ruas? Isso é o que temos de saber, é com isso que precisamos lidar.
E apenas para responder a pergunta do início deste texto. Sim, o IBOPE foi o maior derrotado no RS, talvez mais mesmo que Ana Amélia. E é esta empresa a maior derrotada por que se atreveu a divulgar pesquisa boca de urna. Se não o fizesse, o DATAFOLHA seria seu companheiro. Errariam os dois e a explicação seria uma grande mudança no eleitorado que os dois institutos haviam indicado antes e que se acentuara muito entre sexta e domingo, o dia da eleição.
Como na vida, nas pesquisas também a riscos. Precisamente 5% de risco já que o intervalo de confiança é de 95%. Por tanto, O IBOPE sai derrotado, por que se arriscou.É da vida, é do jogo e principalmente é da Política no Rio Grande do Sul!


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