TAVA PENSANDO

COMO ENCARAMOS A POLÍTICA?

Uma coisa que me chama a atenção me intriga e me causa muita preocupação é a maneira como encaramos a política nos dias atuais. Leio em sites que Dilma Roussef teve momentos de candidata à presidente no Fórum Social Mundial, em Belém do Pará. Foi saudada aos gritos de “BRASIL URGENTE; DILMA PRESIDENTE!” Pesquisando rapidamente na internet encontro os resultados da última pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, em Dezembro passado, com Serra na frente.
Que os partidários dos dois, assim como de todos os outros, me entendam. Não falo aqui sobre os candidatos, mas sim sobre como encaramos a política. Por isso quero dizer que em minha opinião estamos cada vez mais tratando a política como ela não deve ser tratada. Como um simples jogo de poder e assemelhando-a com uma competição esportiva.
A nossa legislação política pluripartidária deveria servir para que uma parcela maior da população participasse do processo, ao invés disso acaba por ajudar na desconstrução do nosso sistema político, criando assim uma perigosa descrença na Democracia. Fato que pode nos levar novamente a navegar nas águas da tirania.
E esta questão não é nada sutil. Podemos comprovar isso em quase todas as trocas de partidos, onde o que interessa para cada Dirigente é trazer um vencedor para o seu lado. E a definição de vencedor é ser “bom” de votos. No futebol seriam títulos ou gols?
Aconteceram eleições para Prefeito e Vereadores em todo o país e mesmo sem que estes assumissem já estávamos preocupados com a disputa de 2010. Então não há política, o que há é apenas eleição. Uma disputa emocionante, voto a voto, palmo a palmo até a linha de chegada onde a bandeira quadriculada espera o vencedor. Como na Fórmula Um?
Com disputas a cada dois anos, deixamos de encarar os nossos problemas de frente e acabamos sempre dando um jeito de contorná-los a fim de que não nos prejudiquem na próxima votação. Tudo parece tão certo da forma como vemos que nos esquecemos que nos anos ímpares também tem política e que decisões muito importantes são tomadas nestes anos.
As disputas pelas Presidências do Senado e da Câmara Federal, por exemplo, passaram batidas pelo grande público. Outra coisa importantíssima que acontece neste ano, por exemplo, é a construção dos Planos Plurianuais de cada município. Planos estes tão importantes que suas metas e estratégias valem até o primeiro ano do próximo mandato. E aí? Quem sabe como o Plano Plurianual de sua cidade está sendo elaborado ou pensado?
A política, ao contrário da eleição, acontece todos os dias e nem sempre se reflete em questões partidárias. São questões que precisam ser resolvidas e que envolvem relações sociais de poder, muitas vezes complexas, e que não podem ser deixadas de lado.
Quando paramos para pensar, se é que paramos, enxergamos questões como falta de professores na rede pública de ensino; (in)segurança pública; compra de aviões por parte dos governos; ameaça de demissões por parte de montadoras de automóveis...
Que questões são essas? Em que seção do noticiário devem estar? Política! Estas questões envolvem relações sociais de poder e por isso são questões de política, assim como o uso da terra, seja na zona rural, seja na zona urbana, por exemplo.
Temos que aprender que eleição é somente um mero processo de escolha de executivos e legisladores. Nada mais do que isso. Nem a própria Democracia necessita de eleições para existir, basta que se tenha condições de praticar a Democracia direta, em vez da Representativa, para que não aja necessidade de eleições.
Deveríamos deixar um pouco de lado a disputa que ainda não começou para prestarmos um pouco de atenção ao que ocorre hoje. Tratar do futuro é muito importante, mas se não cuidarmos do presente será que ele chegará? E se chegar, como será?