quarta-feira, 1 de agosto de 2012

QUANDO VÃO SE ABRIR AS CORTINAS?


Arte. O que é? Qual sua função? Filososfia pura, que não nos cabe aqui. Poderíamos falar dos gregos. De Aristóteles, mais especificamente. “Poética” é a tradução para o termo grego poiesis, fabricação. Em sua “Arte Poética”, Aristóteles nos fala das obras de arte como produtos dos artistas e artífices. A obra de arte como o que é feito pela mão do homem. No século XVIII, passa a se utilizar a expressão “estética” (do grego – sempre eles – aisthétiké, conhecimento sensorial, sensibilidade), abordando as obras de arte enquanto criações de sensibilidade do homem, tendo por finalidade, o belo. E a partir daí, se faz possível desenrolar um longo debate sobre o tema: a arte. Até porque, desde a pré-história o homem expressa alguma coisa em paredes de cavernas, entalhes de ossos ou peças de cerâmica.

Arte: Não há sociedade sem arte. E a nossa sociedade? Como se comporta em relação à arte? Terra de tradição na música, na literatura, nas artes cênicas. Nomes de destaque nas artes plásticas. Alguns bons fotógrafos. Mas quero me fixar nas artes cênicas. Pois não é por nada que temos um teatro como o Teatro Independência. O Independência nasceu dos sonhos de uma geração que viu e viveu o teatro em nosso chão. Hoje, está fechado, depedrado, degradado. Resultado de décadas de desprezo pela arte, resultado de um longo processo de “desculturação”, com o poder da má palavra. O lamentável estado do nosso edifício teatral reflete o descaso com a arte em nosso município.
Aqui se mantém as artes cênicas graças ao trabalho de abnegados apaixonados pela arte. O apoio do poder público é sempre restrito; o da iniciativa privada, curto e suado. Montar um espetáculo é uma guerra: luta-se contra o tempo e o espaço. Atores e diretores trabalham no mínmo oito horas por dia e tem o teatro como lazer. Quando ensaiar? E onde? Como montar um figurino, um cenário? Cadê recursos? E hoje, onde encenar se as portas do Teatro Independência estão fechadas? Mas antes, quando ainda tínhamos acesso ao palco, a estrutura era insuficiente. Luz, som, o palco cheio de pregos, de fendas, de desníveis. E as cadeiras da platéia insuportavelmente quebradas e barulhentas. E o lustre central da platéia, onde foi parar, meu deus... E ainda o público, que pela simples falta de costume de vivenciar a arte, “aplaude” batendo os pés no chão.
Mas apesar disso, se faz teatro aqui. E se faz teatro de qualidade. Apesar de tudo. Apesar de não vermos, aqui, sequer o teatro feito no resto do RS, o que dirá do Brasil.
Quero falar mais sobre isso. Outro dia. Em outro texto.

Cláudia Schwab 

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