O Gigante da Beira-Rio

Beira-Rio: Gigante para sempre


 


Reforma ou demolição total? Confesso que meu primeiro sentimento em relação a está questão, criada por mim mesmo, quando o Beira-Rio foi escolhido para sediar a Copa do Mundo em 2014, foi demolição total. Sim, cruel e friamente estava a favor de por abaixo o nosso glorioso Gigante à beira do Guaíba, este palco de tantas glórias.
Será que um novo estádio herdaria a alma vitoriosa?
Claro que herdaria. Esse era um dos meus argumentos. Antes havia o estádio Eucaliptos, palco também de muitas glórias, sede de Copa do Mundo, local onde desfilou o lendário Rolo Compressor. E o que aconteceu? Foi abaixo, não na época, foi agora. Porém o time mudou-se para outro local, deixando para trás o seu querido estádio. É assim, infelizmente, quem "viu-viu" quem "não viu-não viu". Assim seria com o Beira-Rio caso fosse demolido totalmente. Até o lendário Wembley em Londres veio abaixo, depois do Wembley, tudo é possível.
O que eu quero dizer é que a história se renova, não importando o local e o estádio. A nova geração não conheceria o velho Beira-Rio, mas cresceria junto das glórias do novo estádio. O Beira-Rio, ficaria como ficou o Eucaliptos, guardado nas nossas lembranças e estampado nas fotografias e videos.
Porém, de um tempo para cá algo mudou em mim, no infinito do ser, mais precisamente no lugar onde vive o meu amor pelo Internacional. Foi o imbróglio com a construtora que reformaria o Beira-Rio que decretou a minha mudança. O Beira-Rio não podia ser demolido.
Quando a novela entre Inter e a Andrade Gutierrez estava perto de acabar, e o nosso persistente Presidente Giovanne Luigi levava a caneta com sua mão direita para a assinatura do "mal-dito" contrato, fui envolto de um sentimento mais do que especial, e eu tinha certeza que o Beira-Rio, diferente do Eucaliptos e de outros estádio, não podia vir abaixo, ele tinha mesmo que ser apenas reformado e modernizado.
O Beira-Rio, esse gigante, não pode ser batido. Pois esse gigante não possui apenas uma alma, e sim milhões de almas de colorados que passaram por cima das forças da natureza, e o ergueram em cima das águas do Guaíba. Foi seu povo que assentou os seus tijolos, Falcão, um dos nossos maiores ídolos levou pessoalmente o seu tijolo. Foram os torcedores colorados que levaram e doaram centenas de sacos de cimento. Foram os torcedores que em cada conquista, encheram de orgulho e de energia cada canto do Beira-Rio.
Imaginem cada glória, raça, sangue e suor impregnado em cada tijolo do Beira-Rio, imaginem cada espírito aguerrido e vitorioso de quem já se foi e que está lá, construindo e torcendo junto aos demais torcedores, incentivando, vibrando, sofrendo, juntando todas as almas em um só grito.
O estádio que nos deu as maiores glórias, o grito de campeão ecoa por cada corredor do Beira-Rio. E mesmo as piores derrotas que ali sofremos, tudo é levado embora juntos das nossas lágrimas de tristeza, onde irão se misturar com as águas do Guaíba. Pois as lágrimas de alegria, essas ficarão, regando o nosso verde gramado.
O coração desse gigante só bate por que nós existimos, assim como nós vivemos por que o Inter existe. O coração desse gigante pulsa nas batidas dos nossos corações, logo, ele bate tão rápido que faz nosso sangue ferver, ele queima na veia, por que com o colorado é assim, no limite, sofrido, quase infartando.
E se morrermos, a nossa alma ficará para juntar-se na arquibancada aos demais que já se foram, porém morreremos felizes, pois estaremos juntos, pois estaremos impregnados em cada tijolo, em cada grão de areia e cimento. Pois lá é nosso descanso, pois lá escolhemos ficar. Pois ali escolhemos o nosso jazigo, pois ali é o nosso céu, para transformar em inferno a vida dos adversários. O Beira-Rio construímos, e no Beira-Rio ficaremos.
Enquanto existirem as nossas almas, o Gigante jamais calará, e nem morrerá, pois juntos na vida lutamos, e na morte o fortaleceremos.
O Beira-Rio jamais morrerá.
O Gigante, será Gigante para sempre.

Colorado, nada vai nos separar!
Cássio Almeida