sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O individualismo e a coletividade.


Com o gancho do futebol quero escrever sobre algo da vida. Antes isso era mal visto, as vezes, mas depois que tivemos por oito anos um Presidente que usava e abusava de jargões futebolísticos as pessoas passaram a se dar conta que o esporte mais popular daqui é rico para comparações justamente por reproduzir, e muito, coisas da vida cotidiana. Como a maioria das pessoas gosta de futebol qualquer explicação utilizando seus jargões será melhor compreendida pela maioria da população.
Em dezembro passado houve o massacre do futebol brasileiro quando o Santos levou quatro a zero do Barcelona. Foi uma vitória tão e tão massacrante que muitos dispararam, “o Santos não representou o futebol brasileiro” ou “o futebol brasileiro não é isso”.
Quero discordar de todos estes. Em primeiro lugar nunca imaginei que o Santos faria frente ao Barcelona, não esperava menos que 4 a 0. Só quem não acompanha o futebol internacional poderia ter esperança de vitória.
A análise que quero fazer não é, porém, pela parte esportiva e sim da vida. O futebol, esta metáfora da vida, nos mostra o quão errados estamos no Brasil.
Cada vez mais somos mais individualistas. Está difícil encontrar em nossa sociedade aquelas figuras idealistas que querem o melhor para todos. Não, eu quero o meu e o resto é o resto ou são ainda mais radicais, o resto que se exploda.
O individualismo é tão forte na nossa sociedade que mesmo em um esporte que é praticado por onze pessoas, (sem contar os reservas, comissão técnica, dirigentes, o conselho do clube, patrocinadores e torcedores e imprensa, ou seja, milhões de pessoas dão algum tipo de contribuição ou trabalham para que o jogo aconteça) sempre destacamos apenas um. É Ronaldinho no Flamengo; Adriano no Corinthians; D’Alessandro no Inter ou Douglas no Grêmio e é assim para cada time, seja grande ou pequeno.
A coletividade cai por terra, é desmerecida, mal tratada, esquecida e quando o individuaismo é levado ao extremo cria “endeusamentos” como no caso de Neymar do Santos. Poderiam alguns pobres mortais imaginar que só por causa de um jogador venceriam a coletividade extraordinária do time Catalão? Simples, endeusando uma única pessoa em detrimento do trabalho de muitos.
E assim é a nossa sociedade. Podemos pegar o exemplo político, as idéias que o PSDB defende são do PSDB ou de Fernando Henrique. O mesmo vale para o PT de Lula? Claro que sim. E todos os partidos têm alguém assim. O PDT que o diga, está órfão desde a morte de Brizola.
Vale o mesmo para a TV, na Globo Galvão Bueno, na Band Luciano do Valle. Se conhecermos os meandros de cada atividade veremos que é sempre assim. Há o trabalho de muitos, mas no final poucos levam as glórias.
Durante o seu discurso de início da temporada o novo técnico do Grêmio, Caio Jr, falou “não importa o esquema tático, o que importa é o coletivo”. Parabéns parecem que a sova que tomamos do Barcelona começa a surtir efeito.
Mesmo não querendo ser chato eu serei. Enquanto a sociedade estiver direcionada nesse sentido será difícil que aconteçam mudanças interessantes em nossa sociedade ou em nosso futebol.
Quem sabe, já que gostamos tanto desse jogo, a mudança não começa pelo futebol e se espraia para o resto de nossa sociedade.
Quem sabe a goleada do Barcelona não acaba por iniciar uma mudança em nossas vidas. Quem sabe?

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