Não sou eu na foto, é apenas mais uma criança de uma foto da net mas que simboliza exatamente o que quero dizer neste momento.
Quando era criança minha avó paterna, Wilny Cruz Farias, me esperava para o almoço, em que muitas vezes eu chegava da pracinha aonde brincara de balanço como na foto.
Minha avó era, como todas as avós, uma cozinheira de mão cheia. Mulher dona de casa, normal para a sua época, hoje nem tanto, tinha na cozinha talvez a sua maior tarefa. Esta tarefa consistia em garantir a saúde da família através de uma boa alimentação. O que hoje para muitos é um castigo, a cozinha, para ela era não apenas uma obrigação, mas também uma realização. Ela adorava quando era elogiada pela sua comida e geralmente era.
Dona Wilny, dentre tantas receitas, fazia uma que era a minha favorita. Se chamava Aranha de batata. Um prato a base, óbvio de batata. Era uma espécie de batata frita desorganizada, não sei explicar.
Conversando com um parente distante descobri que no núcleo famíliar dele também fazem as aranhas o que prova que a receita era mesmo de família, da família de minha avó. Tentaram me explicara como fazer mas não processei a informação.
Tratava-se de uma comida que até esta semana só havia comido feito por ela que já faleceu a mais de uma década.
Imagine você, leitor, ficar mais de uma década sem comer um dos pratos que você mais gosta. Foi o que aconteceu comigo pois minha mãe jamais aprendeu com a sua mãe a fazer as aranhas de batata.
Mas nesta semana quando fui me servir em um BUFFET de Santa Vitória do Palmar chamado, vejam a coincidência Batataria, lé estavam elas. Quase não acreditei quando abri uma das tampas e ví as aranhas de batata ali, lindas e cheirosas prontas para serem devoradas.
Comi cada pedaço delas como se tivesse novamente 10 anos de idade. Que delícia!!!
A cada mordida escutava minha avó falando, lembrava de meus amigos me chamando para o futebol, para a pracinha ou para brincar de qualquer outra coisa.
Naqueles momentos, de mordidas e saboreios, regressei no tempo.
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