A “TECNOÇÃO” QUE NOS ESPERA.
Os últimos anos na política brasileira tem efeitos gigantescos não apenas na maneira como o brasileiro a encara, mas também na maneira como os grandes líderes e pensadores políticos nacionais se colocam frente o eleitor.
Nossa cultura, individualista ao máximo, fez com que um grande líder saísse ileso e fortalecido de uma série de denúncias sobre os que os cercavam. Os que queriam a sua “queda” também não eram “flor que se cheirasse”, pelo menos a maioria.
Ao observador leigo, ou aquele que não presta muita atenção em detalhes da política, pode parecer que não houve estrago nos ataques a nosso presidente, uma vez que este se reelegeu com larga vantagem.
Mas o estrago aconteceu sim. O estrago que não foi o esperado pela oposição, nas urnas, mas foi de um efeito devastador. Se não para os protagonistas políticos, para o país como um todo.
A rotina de escândalos acabou por fazer com que se retirassem da atuação política uma série de pessoas ótimas. Falo daqueles militantes de todas as correntes ideológicas, porém em maioria na chamada “esquerda”, que fazia política com a razão, mas também com um pouco de emoção. Que faziam campanha de graça porque acreditavam em uma proposta para a sua cidade, estado ou país e que não se importavam de ficar fora do governo se seu candidato ganhasse. Pode parecer estranho, mas juro que esse pessoal existia sim!
Estas pessoas traziam a eleição o debate ideológico. O bom debate ideológico. O debate que deve acontecer em uma eleição pra presidente pois aos brasileiros interessa saber dos rumos reais do país e também do pensamento a longo prazo, não apenas o imediatismo paliativo. Que Brasil teremos em 10, 20 ou 30 anos? Me parece que nenhum candidato irá se dispor a responder essas questões.
O motivo pelo qual não teremos respostas deste tipo é justamente a “TECNOÇÃO” que teremos, ou seja, uma eleição da técnica, pela técnica e para a técnica. A disputa ficou completamente sem graça sem o debate ideológico.
O debate girará novamente sobre as taxas de juros, para contemplar as classes médias e altas; a Política Social, para contemplar as classes baixas e nenhuma pauta dos movimentos sociais, afinal eles têm poucos votos.
Em países onde há o debate ideológico pode haver grandes mudanças. Um candidato pode ser a favor e outro contra, por exemplo, a reforma agrária. Se o favorável vencer esta sai mesmo. Isso faz o debate existir de verdade e faz com que todos os que são a favor e contra se empenhem em conquistar votos para o seu lado. Em um país onde as ideologias estão agonizantes, todos os candidatos se declaram a favor e nenhum faz a tal reforma.
Assim o pleito do ano que vem se revela para mim desde já chatíssimo, pois não haverá grandes mudanças seja quem for o vencedor. Este será, assim como os perdedores, um candidato ocupado com a técnica de administrar e outras talvez... Isto é TECNOÇÃO, uma eleição sem debate real.
O mais estranho para mim é ver que quando o debate fica realmente interessante, com argumentos realmente opostos entre os candidatos, sempre há algum jornalista ou eleitor para bradar raivosamente “esta opinião é ideológica!”. Por muito tempo eu sempre respondia, “e tem alguma que não é?”
O pior é que agora percebo que sim, que uma opinião pode “falsamente não ser ideológica”. A opinião não será ideológica ao não passar por temas que possam fazer com que as pessoas reflitam sobre certas coisas. Certos assuntos perigosos. Temas que podem interferir realmente no status quó vigente. Quando coloco que uma opinião pode “falsamente” não ser ideológica é por que ao não se decidir mudar nada se está na verdade decidindo muito. Está se decidindo manter tudo como está.
Então teremos mais uma eleição sem debate real? Ou será que o debate real é mesmo entre grupos que não estão interessados em mudanças reais?
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