Centro e periferia.
Ao ler a matéria sobre a perda da centralidade de Pelotas na região, postada no Amigos de Pelotas alguns dias atrás, me suscitaram algumas questões. Afinal, quanto desta dita culpa pelo atraso no desenvolvimento de Pelotas é mesmo sua? Há mesmo uma culpa para isso? E ainda, como imaginam que seria a cidade com esse tal desenvolvimento?
Não há necessidade de se encontrar culpa em alguma coisa, a não ser que isto resolva o problema ou então remedie a situação. Ou seja, esbravejar contra a Metade Norte por exemplo, dizer que eles são privilegiados com verbas mais polpudas é até um desaforo. Basta ver que das Universidades Federais existentes no RS, temos uma em POA, 4 na Metade Sul e nenhuma na Norte. Devem realmente ganhar verba a mais, mas não será que tem a ver com a capacidade de captar recursos?
A situação de não ser mais um Pólo, ou de ter baixado a classificação do IBGE tem muito a ver com uma questão sociológica atual. Nossa sociedade é cada vez mais extremada, é assim em todos os setores, com pessoas com acesso a maior modernidade possível, como computador em sala de aula, e outras que ainda tem aulas a céu aberto como em escolas do Nordeste que assistimos pela Televisão.
A questão sociológica aqui é a que em uma sociedade tão globalizada, que muitas vezes passa a régua em todos, tratando diferentes como iguais, as pessoas acabam por sentir necessidade de saber das suas coisas. Saber das noticiais da sua rua, de seu bairro, de sua cidade. Daí o sucesso deste blog.
O mesmo vale para bairros em relação ao centro da cidade. Esta era extremada faz com que também se perca a referência que havia em certas “tradições” em detrimento de novos costumes. Então temos o Fragata, Bairro Cidade, com vida própria. Ao passarmos pela Duque de Caxias a noite vemos muita concentração de pessoas, desta forma se esvazia a Bento Gonçalves. Não porque ela perca o encanto, mas porque a outros centros de lazer na cidade hoje.
Na relação das cidades da região com Pelotas o mesmo acontece. É inegável que se vive bem melhor hoje do que em 1990, por exemplo, nestas cidades. Hoje temos a internet e TV por assinatura, que não te deixam mais ter aquela sensação de isolamento que havia antes em uma cidade pequena.
A periferia tem agora sua vida própria e também a sua vida ligada ao centro. Não são vidas paralelas, mas entrelaçadas. Mesmo assim é bom lembrar que não são a mesma coisa. Por isso essa questa da centralidade de Pelotas não me preocupa tanto, afinal faz parte de um novo contexto mundial. O que me preocupa mesmo é a incapacidade de adaptação a esta realidade.
Este Blog se destina a divulgar as opinões e os trabalhos de Luciano Mega - Sociólogo; Mestre em Política Social e Escritor
Livros de Luciano Farias Mega
terça-feira, 3 de março de 2009
Um comentário:
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Penso que as pessoas tem dificuldade de aceitar aquela máxima popular que diz que "é impossível fazer uma gemada, sem quebrar o ovos", ou seja, acham bom o desenvolvimento da agricultura da dita metade norte, mas, querem continuar parecendo grandes fazendeiros, ou empresários rurais, donos de um pampa, que a humanidade é dona. Querem indústrialização, quando já faliu e tem vocação pra serviços em geral, muitos de ponta como turismo e os ligados ao ambientalismo, por exemplo. Em fim, Vejo um pouco isso, a não aceitação da adaptação a possibilidade da mudança, seja no campo que estivermos falando, pode sim levar a "estagnação", a "folclorização do capital social", ao "conservadorismo abrangente" e ao aborto do novo, não como roupa nova em corpo velho e sim o novo mesmo, com letra maiúscula, como dizem-nos os mais velhos que nós.
ResponderExcluirMuito legal a tua linha de análise Luciano, dá vontade de discutir (por isso esse comentário tão grande)
Valeu!!!