sábado, 21 de fevereiro de 2009

TAVA PENSANDO

O CARNAVAL E A VIDA.

Estou passando o carnaval na casa de minha mãe, na cidade de Jaguarão. A festa é incrível, muito grande para uma cidade daquele porte. É uma festa saudável e participam todos, brancos, negros, ricos e pobres brincam juntos pelas ruas e avenidas da cidade heróica. É tão empolgante a participação da população que quase volto a acreditar na democracia “racial brasileira.”
Como bons foliões, meus amigos e eu, bebemos um bocado. Atrapalhado pela chuva, o carnaval de rua acabou La pelas duas e meia da manhã. Então ficamos fazendo nossa festa particular com o som do carro.
Quando começa o amanhecer vamos para a beira do Rio Jaguarão, que serve de divisa Brasil-Uruguay. Um lindo local, uma vista privilegiada. O sol nasce por traz das arvores de uma das curvas do rio e faz com que suas águas reflitam seu poder, dando-lhes uma coloração prateada impar.
A festa seguiu muito bem, até que vimos chegar uma pequena embarcação com dois jovens . O barco tinha as cores do Grêmio e até o símbolo do clube estava pintado nele combinando com o nome “tricolor” com o qual o batizaram. Muito curioso perguntei a meus amigos jaguarenses quem eram esses. Responderam-me que eram areieiros, pessoas que trabalham transportando areia pelo rio.
Tão logo o barco encostou no cais os dois lançaram âncora e começaram a descarregar o barco. Seus movimentos eram simétricos, num agacha levanta sem parar. Por vezes havia uma sincronia perfeita, por vezes enquanto um estava jogando areia o outro estava carregando a pá.
Em dado momento um deles subiu ao cais, aparentava não ter mais do que 20 anos. Era muito forte fisicamente com músculos bem definidos, obviamente que seu trabalho braçal o ajuda a manter a forma.
Perguntei a ele quantas vezes eles faziam aquele trabalho por dia:
-Três vezes, ele me respondeu, e começamos as cinco da manhã, completou.
-E quanto vocês ganham? Indaguei.
-Vinte e oito por barco.
-Para cada um? Quis saber.
-Não, para dividir.
Nesse momento não sei bem qual foi minha expressão facial, mas devo ter ficado boquiaberto, pois ele comentou com seu parceiro:
-O cara se apavorou! Então se virou novamente para mim e disse. É vida de pobre é @#*#.
Quase sem reação lhe dei um tapinha nos ombros e lhe disse:
-É cara, só o que consola é achar que vai ser melhor.
O carnaval e a vida. Como viver sem relaxar de vem em quando? Mas como fazer isso se a vida está em todo o lugar, em todo o momento nos lembrando o quão preocupados devemos ser.
Ainda tenho mais quatro dias de folia, tentarei aproveitá-los, mas isso já marcou meu carnaval, meu coração, minha vida!

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