Para minha primeira coluna neste jornal, gostaria de dizer que é uma satisfação contribuir com minha cidade, mesmo que seja na teoria neste momento de minha vida.
Mas enganam-se aqueles que acham que a pergunta do título desta coluna se responde por si só com a primeira frase da mesma. Existe um caminho para se chegar a ela e gostaria de compartilhar tal caminho com o leitor. Ao mesmo tempo que colocarei alguns desejos para este ano e darei algumas pistas de assuntos que tratarei neste espaço.
Em 1996 saí de Santa Vitória para cursar o segundo grau em Pelotas. E, sem vergonha de dizer, desejava nunca mais voltar. Nem mesmo pras férias chegava a radicalmente pensar. Assim em apenas 45 dias flexibilizei minha idéia pela primeira vez, tive de visitar meus pais na páscoa. Lembro que naquele final de semana o Grêmio venceu a RECOPA, ganhando do Independiente da Argentina por 4 a 1.
Claro que eu vinha muitas vezes por ano a Santa Vitória, mas mesmo assim pensava que morar jamais, afinal esta era a cidade onde eu não me dava bem na escola, estava saturado e já não tinha muitos amigos. Mas um fato muito interessante me fez mudar de idéia.
Não lembro o ano, só lembro que estava muito frio e um amigo meu, o Leirson Lemos, chegou de Santa Vitória, assim como eu ele estava estudando em Pelotas e quando chegou foi direto a minha casa e me contou o que lhe acontecera na viagem.
Me disse o meu amigo que tinha vindo para Pelotas de carona, com umm caminhoneiro. Que desde o início da viagem o cara não lhe parecia muito simpático e que lá pelas tantas ele lhe falou:
-Sabes que eu não gosto de estudantes!
-Porque? Perguntou meu amigo e seguiu. A gente tem que estudar para ter uma vida boa.
-Eu sei disso. Retrucou o caminhoneiro. Mas o que eu não gosto é que vocês, a gurisada, se vai pra Pelotas e não volta mais. Vocês que estudam as coisas novas, a evolução as novidades nos deixam e não voltam e aqui ficam sempre os mesmos com as coisaas velhas fazendo tudo como sempre foi feito.
Sem nenhum demérito as pessoas que ficam, quero dizer que naquele momento minha vida mudou e fiquei pensando se ele não estaria certo. Mesmo que me pareça uma cidade difícil para os jovens, principalmente pelo pouco espaço reservado na política local para estes (por isso sempre usei barba, para parecer mais velho) fica claro que devemos afinal retribuir com alguma coisa. Esta foi minha principal motivação quando trabalhei no início da gestão atual da Prefeitura e esta é minha motivação ao escrever neste jornal, contribuir com minha cidade, já foi com o trabalho, agora é com idéias.
E de idéias é que o mundo é feito e neste ano tem eleição. Como eu gostaria que a discussão nesta eleição fosse em torno do PSF, do Plano Diretor, do Plano Local de Habitação de Interesse Social que é uma novidade. Como eu gostaria que se discutisse o trânsito da cidade; um calçadão na Barão? Desejo que se discuta o valor do IPTU; a qualidade das Escolas Municipais; a Eficácia dos programas e projetos sociais e assim por diante. Mas ao saber das notícias que me chegam de Santa Vitória me entristeço por tomar conhecimento que mesmo antes da campanha começar já houve uma briga física em um dos mais tradicionais bares de Santa Vitória.
Por favor, prefeituráveis. Nada de falar da vida dos outros ou de suas relações familiares enfim, tratem a coisa pública com seriedade, discutam projetos e sejam adversários ao invés de inimigos. Tenho certeza de que a maioria das pessoas de Santa Vitória pensam como eu, ou pelo menos, assim espero.
Nesta coluna conversaremos de tudo, tentando ligar o global ao local. Até a semana que vem.
*Sociólogo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
ATENÇÃO:
NÃO SERÃO ACEITOS COMENTÁRIOS:
ANÔNIMOS
QUE CONTENHAM PALAVRAS DE BAIXO CALÃO.
QUE CONTENHAM XINGAMENTOS.
QUE NÃO FALEM DO TEMA DO POST.
OU AINDA QUE O MODERADOR DO BLOG JULGUE COMO SENDO PREJUDICIAIS AO BLOG, AOS BLOGUEIROS OU AOS LEITORES.
TENHA BOM SENSO E DEIXE AQUI A SUA MENSAGEM, CRÍTICA CONSTRUTIVA OU SUGESTÃO.
OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO.